É a resiliência que faz com que, apesar da adversidade, as crianças se desenvolvam de forma sadia. Favorecer a resiliência entre as crianças pequenas exige que reforcemos o suporte familiar e comunitário e que estimulemos as capacidades pessoais das crianças.

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Síntese

Tema financiado por:

CONASS - Conselho Nacional de Secretários de Saúde - Brasil

Qual é sua importância?

As pesquisas demonstram que crianças expostas a adversidades têm piores resultados de desenvolvimento do que aquelas que não sofrem essa exposição. No entanto, crianças resilientes têm a capacidade de adaptar-se, apesar de experiências de risco ou trauma significativo.

Resiliência pode significar muitas coisas diferentes: recuperação de eventos traumáticos, superação de desvantagens para obtenção de sucesso na vida, e capacidade de suportar o estresse para funcionar adequadamente ao longo da vida. A princípio, acreditava-se que resiliência fosse uma característica da criança; no entanto, as pesquisas indicam cada vez mais que a família e os fatores sociais auxiliam a criança a compensar o estresse ambiental.

É importante identificar as fontes de resiliência em crianças competentes, uma vez que podemos tentar induzir comportamentos resilientes em crianças menos competentes, principalmente aquelas que vivem em condições de grande estresse.

O que sabemos?

Estudos demonstram que quanto maiores os riscos, piores serão os resultados para a criança. Riscos sociais na família, em grupos de pares, na escola e na vizinhança acumulam-se resultando em um efeito negativo consistente. 

A presença de fatores de proteção ou de resiliência pode ser o motivo pelo qual algumas crianças são bem-sucedidas, apesar de viverem em condições insatisfatórias. Embora os tipos de adversidade enfrentados pelas crianças possam variar significativamente, um tema central que transcende diversas condições de risco é a presença de uma forte relação de apoio com pelo menos um adulto. Igualmente importantes são os relacionamentos afetuosos, solidários e consistentes fora do âmbito familiar, como aqueles com os cuidadores em contextos de educação e cuidado na infância, ou com professores nas escolas. Em conjunto, o apoio familiar, a aceitação de grupos de pares, escolas e comunidade competentes contribuem para resultados positivos no desenvolvimento da criança.

A escola pode proporcionar um importante ambiente para a aprendizagem ou para a construção de resiliência. O sucesso inicial na escola parece ser um caminho fundamental para a resiliência, particularmente para crianças em condições desfavoráveis.

Os pontos fortes da própria criança também contribuem para a adaptação resiliente. Crianças que têm alto nível de inteligência, temperamento calmo, carisma e habilidades sociais são mais propensas a adaptar-se de forma positiva às adversidades. No entanto, muitas destas características são vulneráveis às agressões do ambiente.

Crianças mais novas com relações de apego saudáveis e boas habilidades cognitivas, sociais e de autorregulação normalmente são resilientes diante da adversidade, desde que suas principais habilidades de proteção e seus relacionamentos continuem a funcionar e a se desenvolver. A regulação emocional, em particular, desempenha um papel crítico na resiliência.

Há evidências crescentes de que fatores genéticos também contribuem significativamente para a capacidade de resiliência das crianças. Por exemplo, um genótipo associado à menor probabilidade de desenvolver depressão ao longo da vida pode influenciar a capacidade da criança de adaptar-se a situações adversas. 

O que pode ser feito?

A primeira infância é um período importante para a compreensão e a promoção da resiliência. As crianças normalmente enfrentam diversos riscos em vários contextos sociais. Esforços combinados de prevenção e intervenção agem em conjunto para atingir múltiplas fontes de resiliência, e não fontes únicas. 

As intervenções devem ser dinâmicas, flexíveis e culturalmente específicas para assegurar que sejam integradas à estrutura da comunidade. Programas de resiliência eficazes visam múltiplos sistemas de desenvolvimento e promovem a participação e o aumento do poder da comunidade.

Os programas de intervenção mais eficazes reduzirão fatores associados a distúrbios – ou seja, riscos –, fornecerão recursos associados à adaptação positiva – ou seja, habilidades – e darão apoio a sistemas nucleares de adaptação por intermédio de aplicações multifacetadas. 

Para crianças com vulnerabilidades biológicas – por exemplo, alta reatividade ao estresse ou inteligência abaixo da média –, é preciso assegurar que as mães tenham recursos suficientes para garantir afeto e consistência nas programações diárias, a fim de promover a resiliência.

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Leitura adicional

Como podemos melhorar a resiliência entre as crianças?

As crianças resilientes têm habilidades para se proteger e ambientes que lhes dão apoio, ajudando-as a enfrentar situações difíceis.  A resiliência nas crianças pode ser estimulada:

  • Fornecendo a elas os recursos materiais e o estímulo que necessitam.
  • Apoiando o desenvolvimento de relacionamentos estáveis e positivos entre elas e seus pais e outros adultos de sua comunidade. 
  • Promovendo habilidades de auto-regulação, que permitam às crianças direcionar sua atenção, controlar suas emoções, lembrar-se das regras, inibir seus impulsos e controlar seu comportamento de outras formas adaptáveis.
  • Reduzindo o nível de exposição para sobrepujar as adversidades e outros riscos “tóxicos” que ameacem a saúde e o desenvolvimento das crianças.

A forma mais eficaz de promover resiliência nas crianças é apoiar aqueles que tomam conta delas.

Publicações

Resiliência no desenvolvimento: a importância da primeira infância

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